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Ao mestre, com carinho. Homenagem a Geraldo da Costa Lanna

geraldo da costa lanna

Na noite de 20 de agosto de 2012 faleceu Geraldo da Costa Lanna, o precursor da terapia comportamental no Rio de Janeiro. Entretanto ele permanecerá vivo para os que o conheceram, especialmente para os que com ele aprenderam os primeiros passos da prática clínica comportamental ou “condutoterapia”, nome que ele criou para essa abordagem de tratamento psicológico. Sua inteligência brilhante, sua cultura impressionante e sua rapidez de raciocínio despertavam admiração em todos os que o cercavam nas reuniões de estudos no CORPSI (Centro de Orientação Psicológica), uma clínica que funcionava na Lagoa (Rio de Janeiro) nos anos 1970 e 1980 e da qual ele foi um dos fundadores.

Lanna, como era chamado por todos, também era admirado por profissionais de outras abordagens teóricas. Sua postura atenta e crítica às afirmações desprovidas de dados empíricos e aos textos de discursos confusos, considerados por muitos como “sofisticados” ou “profundos”, era uma de suas características marcantes. Uma de suas afirmações permanece na lembrança daqueles que tiveram o privilégio de conviver com ele e de aprender os seus ensinamentos: “Quando você não compreende o que está escrito em um texto, é porque ele não foi bem escrito e não porque você foi incapaz de compreendê-lo”. Outra mensagem que ele costumava repetir aos seus alunos era: “Ao ler as críticas atribuídas a alguma teoria, procure conhecer mais sobre essa teoria em textos originais, uma vez que essas críticas podem ser infundadas.”

Nascido em Belo Horizonte em 13 de agosto de 1928, Lanna mudou-se para o Rio de Janeiro após formar-se em medicina. Trabalhou como gastroenterologista, até que começou a se interessar pelo estudo do comportamento humano. Concluiu o curso de psicologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro e posteriormente atuou como professor no Departamento de Psicologia da Universidade Gama Filho. Durante as décadas de 1970 e 1980 dedicou-se ao treinamento de terapeutas comportamentais.

Lanna foi um dos responsáveis pela vinda de Joseph Wolpe e, posteriormente, de Victor Meyer ao Rio de Janeiro, ambos pesquisadores reconhecidos na época, o primeiro pelas técnicas de dessensibilização sistemática no tratamento de fobias e o segundo pela criação da técnica de prevenção de respostas no tratamento do transtorno obsessivo-compulsivo. Lanna também foi um dos fundadores da Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental (ABPMC), sendo o Vice-Presidente desta associação na gestão 1992-1993, quando Bernard Rangé foi o Presidente. Há cerca de 10 anos, mudou-se para Itaipava, onde continuou clinicando até os seus últimos dias de vida.

Para os que foram seus alunos ou colegas, Lanna será sempre um exemplo. Seus maiores legados foram o respeito ao conhecimento científico e o senso crítico na assimilação de novas teorias.

 

Eliane Mary de Oliveira Falcone

Bernard Pimentel Rangé

ATC-RIO