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A ABPMC somos todos nós

Discurso do presidente eleito da ABPMC, Felipe Leite, no encerramento do 25º Encontro da Associação.


Caros amigos e amigas,

 

Em nome da Diretoria Executiva da ABPMC eleita para o biênio 2017-2018 gostaria de agradecer à confiança depositada em nós para gerir esta associação pela qual temos tanto carinho. Esta reunião anual é um momento bastante especial para mim. Um momento no qual encontro amigos, aprendo coisas novas, discuto e sempre me divirto bastante. Este Encontro passa a representar um novo senso de responsabilidade para mim e para meus colegas de trabalho. Sabemos que um grande peso de responsabilidade ficará sobre nossos ombros e que nós temos um dever com todos vocês aqui presentes e com os analistas do comportamento que não puderam estar aqui este ano. Seremos, por dois anos, responsáveis por tomar a frente na organização de projetos que desenvolvam nossa área no Brasil e que permitam cada vez mais que analistas do comportamento conquistem espaço. Agora nos tornamos responsáveis por advogar em função de todos vocês em prol de nossa ciência e por auxiliar na divulgação de tudo que possamos fazer para a sociedade brasileira.

No entanto, gostaria de ressaltar que a ABPMC é muito mais do que nós seis que compomos a Diretoria Executiva. Somos o Conselho Consultivo, Conselho Fiscal, Conselho Permanente e, de modo mais ativo nos últimos anos, as centenas de pessoas que fazem parte das Comissões que vem executando trabalhos capilares no desenvolvimento de nossa área. Tudo que é realizado pela ABPMC resulta do entrelaçamento de ações deste grande grupo de pessoas e dos pequenos grupos que atuam de modo mais próximo uns dos outros. Nossa obrigação é sempre ouvir as diferentes opiniões e dar espaço e sustentação para que todos estes braços possam executar os projetos necessários para o avanço da Análise do Comportamento. Projetos estes que já tem dado frutos deliciosos.

Mais importante, a ABPMC é composta todos nós. Nada de valor pode ser construído por uma comunidade se pensarmos em sectarismo ou no benefício de pequenos grupos em detrimento dos interesses da nossa cultura de analistas do comportamento. Nada de duradouro alcançamos se não ouvirmos todos vocês e se não abrirmos espaço para que vocês opinem e, mais do que tudo, participem. Neste sentido nossa gestão buscará o compromisso de ouvir e aceitar o desafio de tentar lidar com as demandas heterogêneas de analistas do comportamento em todas as regiões brasileiras. Este desafio talvez seja um dos mais sem tamanho, uma vez que em cada pequena comunidade de analistas do comportamento os desafios e oportunidades são distintos. Por isso que precisamos trabalhar junto de vocês, lado a lado. Queremos fomentar processos culturais tecnológicos, e não cerimoniais. Solução de problemas deve ser nossa diretriz, e nunca manutenção de status quo.

Para dificultar ainda mais, recebemos essa gestão em um dos momentos mais delicados da história recente brasileira. Um momento no qual o tecido social que nos une se rompe diariamente e às vezes parece que apenas poucos fios ainda o segura. Neste momento delicado, nunca podemos perder de vista que somos todos analistas do comportamento. Antes de mais nada, somos cientistas e não somos liberais, socialistas, esquerdistas ou direitistas. Antes de mais nada, somos cientistas do comportamento. E como cientistas, nunca devemos esquecer que o que permite a solução de problemas humanos não é a arrogância intelectual e a soberba, mas sim a capacidade de ouvir o que o outro tem a dizer e de se disponibilizar humildemente para o diálogo, sabendo que não somos detentores de verdades absolutas. Como cientistas não só devemos sempre nos colocar para o diálogo racional com base em dados, como também precisamos agir sem medir esforços para que esse diálogo seja fomentado. Em um momento de tanta ausência de racionalidade, nós devemos agir mais do que nunca enquanto cientistas, e, principalmente, cientistas do comportamento buscando trazer as diferentes interpretações de informações que temos disponíveis para, de algum modo, ajudarmos um pouquinho no caminho de encontrarmos uma direção para fora desse mar de lama. Nossas armas sempre deverão ser aquelas que aprendemos a utilizar em nossa formação: o olhar atencioso, a capacidade de análise de dados e nosso repertório verbal para propor alterações ambientais significativas.

Nesta sala se reúnem cientistas básicos, cientistas teórico-conceituais e cientistas aplicados, e todos temos nosso papel a cumprir para ajudar as pessoas ao nosso redor. Como afirmava o nosso querido Skinner, a ciência do comportamento talvez seja a mais importante das ciências, uma vez que problemas humanos invariavelmente passam por como lidamos com comportamento humano. Então deixo um apelo a todos aqui. Ouçam seus colegas. Eles tem algo importante para lhe dizer. E converse com eles sempre de modo humilde e sincero. Você também poderá ter algo importante para lhes dizer. Apesar de vivermos tempos sombrios, na qual a própria ciência brasileira está sob cerco, devemos nos manter nunca como instrumentos ideológicos, mas como as pessoas que precisam encarar a dificuldade de testar nossas afirmativas sobre o mundo, e não sobrepô-las às dos outros a todo custo. Em última instância, a ciência é um empreendimento de esperança de que podemos tornar as coisas melhores para o máximo de pessoas possível.

Assim, agradeço a todos que nos apoiaram de modo ativo ou com palavras de carinho para estarmos aqui. Agradeço a atual diretoria pela disponibilidade e paciência que tem demonstrado para que possamos iniciar bem nosso trabalho, além de nos entregar a ABPMC bastante organizada. Conto com o apoio de nossa comunidade para que possamos servi-los do melhor modo possível e engrandecer nossa área. Agradeço à Liane Dahás, Renata Pinheiro , Patrícia Araújo, Luana Flor e Bernardo Rodrigues por toparem o desafio comigo. Não posso esquecer da minha esposa Lidi Queiroz pelo suporte e parceria constantes e por sempre me empurrar pra frente. EscortNavi Que durante nossa gestão vocês façam amizades, aprendam, formem parceiras de trabalho, consigam tocar projetos para a frente e contribuam para o avanço da Análise do Comportamento no Brasil. Ao longo do ano espero estar encontrando vocês como for possível e espero todos vocês de volta para o XXVI Encontro Brasileiro de Psicologia e Medicina Comportamento em 2017, que terá como tema Justiça Social e Políticas Públicas, visando assim pensar em desenvolvimento sustentável tanto em vertentes ecológicas, como social e econômica. Vamos caminhar juntos para frente e always, always look on the bright side of life.

 

Felipe Lustosa Leite

 

Foz de Iguaçu, 10 de Setembro de 2016